[Resenha] Amor e Orgulho - Georges Ohnet

Título: Amor e Orgulho
Autor(a): Georges Ohnet
Editora: Pedrazul
Páginas: 240
Ano de Publicação: 2018

Um embate entre o amor, orgulho e dinheiro que emerge com consequências inesperadas. Claire de Beaulieu é uma bela aristocrata francesa. Quando seu pai morreu, a mãe descobriu que a família Beaulieu estava arruinada. A única esperança era um processo judicial na Inglaterra, o qual a família perdeu e escondeu o trágico resultado da orgulhosa moça. Apaixonada pelo primo, o duque de Bligny, ela está prometida a ele, mas Bligny é superficial, um jogador, não cumpre sua palavra e ainda fica noivo de Athenais, a inimiga número um de Claire. Athenais, contudo, é uma jovem burguesa, com uma imensa fortuna, que permitirá ao duque resgatar todas as suas dívidas de jogo. A orgulhosa Claire, por despeito, ao saber que Philippe Derblay, um engenheiro e dono de uma usina siderúrgica em Pont Avesnes vizinha do castelo de sua família, está muito interessado nela, oferece a sua mão em casamento por vingança. Amor e Orgulho, ambientado na sociedade francesa do final do século XIX (1882), conta a história de Claire e Philippe Derblay, uma complexa teia de paixão, interesses, ciúmes e vingança. 

♥♥♥

Amor e Orgulho é um clássico francês do século XIX. Aqui vamos acompanhar a história de Claire de Beaulieu, uma moça altiva e orgulhosa, que vê seu mundinho perfeito ruir ao saber que o noivo, o Duque de Bligny, irá se casar com outra.  Após a decepção amorosa, em um momento que visava apenas a retaliação, Claire se aproveita da devoção de Philippe Derblay e firma compromisso com este.

Philippe é um importante industrial da região, conhecido por sua integridade e dedicação ao trabalho. Ele nutre sentimentos pela bela nobre, a qual parecia estar fora de seu alcance até o dia em que, sabendo do seu desejo de tê-la como esposa, Claire aceita sua aproximação e, de repente, ele sabe que terá a mulher que ama ao seu lado.

Georges Ohnet construiu personagens muito interessantes. A vilã, uma mulher rancorosa e que nunca está satisfeita com o que possui. O Duque, um homem totalmente volúvel e egocêntrico, que anseia satisfazer seus desejos e sempre fazer o que é melhor para si em detrimento do outro. Claire, fútil e orgulhosa, que cega por seu egoísmo enxerga apenas a própria dor e acaba por ferir quem lhe quer bem. Philippe, íntegro e apaixonado, a principio pode parecer “fraco”, mas se mostrará determinado e forte. E não posso deixar de citar os personagens secundários, especialmente o Barão, o qual possui um jeito muito peculiar, o achei adorável.

É interessante ressaltar que através de seus personagens e de suas problemáticas, o autor retrata a sociedade francesa do século XIX, a aristocracia e suas regras sociais e a ascensão da burguesia.


“[...] Você está ligada a um homem que sempre será, moralmente ao menos, diferente de você. Ele é um plebeu e você é nobre. Tenho certeza de que ele acredita no igualitarismo, enquanto você é aristocrata até os fios de cabelos. Ele é grosseiro, gosta de tudo que vem do povo, você é o contrário. Você é orgulhosa, aprecia os membros da nobreza, e isto o fere. Vocês nasceram inimigos nesta disputa. Os avós desse cavalheiro cortaram as cabeças dos seus, minha querida. Em suma, existem mil motivos para vocês se odiarem, e nenhum para se amarem.”

Enquanto leitora, eu gosto que o sentimento vá se construindo entre os mocinhos enquanto eles se conhecem melhor, mas aqui achei que o amor surgiu um tanto rápido, contudo, com o desenrolar dos acontecimentos esse detalhe se torna sem importância, apenas citei por ser algo que eu particularmente prefiro que seja um pouco mais desenvolvido na história. O romance encontra sua principal barreira nos próprios protagonistas, em suas escolhas e atitudes. Em alguns momentos fiquei frustrada por eles não conseguirem conversar e se entender, sempre um dos dois recuava ou silenciava, o que me deixava deveras agoniada (kkk).

Quando comecei a ler Amor e Orgulho não pensei que fosse me envolver tanto com a história e, consequentemente, finalizar tão rápido o livro. Realmente fiquei surpresa com a agilidade que li, pois tinha a ideia de que, por ser um clássico, a leitura pudesse ser lenta. Entretanto, a escrita do autor não é rebuscada e garanto que a leitura é super tranquila. Em determinado ponto foi impossível largar o livro, pois a trama fica cada vez mais instigante, tanto que queria algumas páginas a mais no final (rsrs).

Indico Amor e Orgulho não somente para quem gosta de clássicos, mas também para aqueles(as) — como eu ♥ — que adoram romances de época e históricos, pois acredito que a história irá cativar os leitores de ambos os gêneros.

2 comentários

  1. Eu também queria algumas páginas a mais no final. Amo essa história. E acho a baronesa muito espirituosa, um contraponto à sisudez de Clara, e uma grande amiga da prima.Uma curiosidade:
    Sabe que Proust, no primeiro volume de Em busca do tempo perdido (1913), cita esse romance, que, em francês, se chama "Le maître de forges", algo como " O senhor das forjas". Os personagens de Proust assistem à peca teatral e discutem a personalidade e a conduta de Clara.
    Que bela iniciativa dessa editora em publicar esses clássicos, perdidos no tempo. Fico feliz em saber que garotas jovens como vocês apreciaram o livro que eu amo desde sempre.

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  2. Olá, Conceição! Muito Feliz com a sua visita ao blog ♥
    Não sabia dessa curiosidade! Que interessante ♥♥
    A Pedrazul faz um trabalho incrível, publicando esses clássicos memoráveis.
    Confesso que sou uma nova leitora de clássicos, ainda é um tipo de livro que "me assusta", mas aos poucos que perder esse receio e adentrar ainda mais nesse universo!
    Eu adorei Amor e Orgulho, então posso sentir o mesmo por outros do mesmo gênero, só preciso arriscar mais vezes ♥

    Abraço!!

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